Relatório de avaliação de reabilitação psitacídeos

Introdução

O comércio ilegal de animais silvestres é considerado a terceira maior atividade ilícita rentável do mundo. Sendo que aves são os animais mais comercializados, devido as cores fortes de sua plumagem e canto, além disso, mais de 80% dos animais apreendidos no Brasil pertence ao grupo e anualmente são retirados milhares de aves de seu habitat no mundo. O tráfico de animais silvestres gera grandes impactos à biodiversidade, pois impacta diretamente na redução das populações, ameaça às espécies com risco de extinção e modifica a estrutura dos ecossistemas, principalmente em países como o Brasil onde se tem uma alta taxa de espécies endêmicas (LIMA, 2011; CAVALCANTI, 2011)

O grupo de psitacídeos é um dos mais afetados pelo tráfico de animais silvestres, uma vez que este grupo apresenta habilidade de imitar a voz humana, combinado com a inteligência, beleza e docilidade, deste modo é o grupo de aves mais procuradas como animais de estimação, sendo que fica atrás dos cachorros e gatos (CAVALCANTI, 2011). O Brasil é o país com maior biodiversidade, sendo assim reúne uma das maiores riquezas em avifauna do mundo. A diversidade biológica brasileira de psitacídeos abrange 23% de todas as espécies encontradas no globo, além disso, 23 espécies são endêmicas e ocorrem apenas no país (LOPES, 2016).

A espécime de Amazona aestiva, popularmente conhecido como papagaio verdadeiro é encontrado nas regiões nordeste, sudeste, centro oeste e sul da Bahia, além de ocorrer na região leste da Bolívia, norte da Argentina e sul do Paraguai. É uma das espécies de papagaios mais comercializadas ilegalmente no país, por este motivo o papagaio verdadeiro pode chegar a uma situação crítica se não evitar a exploração ilegal de animais, além da perda de habitat pela ação humana, onde são se sabe ainda a real situação desses indivíduos (LOPES, 2016).

Entretanto o manejo desses animais após a apreensão, é o que se torna mais difícil para a política brasileira, devido a falta de recurso para os órgãos atuantes. Além disso, a reabilitação e posteriormente a reintrodução destes animais a natureza é um outro fator importante, pois demanda tempo e recursos para que os órgãos como CETAS, áreas de reabilitação de animais e etc., possam realizar esta atividade com critérios adequados para a soltura desses animais a natureza novamente.

A reintrodução desses animais a natureza é preocupante para os pesquisadores, devido a capacidade de reabilitação de cada indivíduo ao meio ambiente. Estudos vêm sendo realizados nesta área, mas ainda são poucos. A reintrodução desses animais de volta a natureza demora, pois os psitacídeos precisam se adaptar a vida silvestres novamente, uma vez que foram capturados e criados como animais de estimação, os papagaios, por exemplo, é devido a habilidade de imitar a voz humana, para isso é necessário estudos de seu comportamento em cativeiro, o que possibilita realizar a análise de comportamento dos indivíduos e saber se está hábito a voltar a natureza. (LIMA, 2011).

Objetivos

  • levantamentos de dados das fichas de registros de entrada dos animais.
  • Realização do etograma: desenho; preenchimento do etograma.
  • Análise de dados e elaboração de gráficos.

Método

Realizou-se a abordagem das fichas de registros do grupo de psitacídeos, no qual houve a separação em grupos menores como: araras, papagaios e outros psitacídeos. Em seguida efetuou-se a elaboração do etograma, no qual realizou-se a análise do comportamento dos psitacídeos do viveiro grande, onde observou-se o comportamento dos animais silvestres contidos no viveiro a cada três minutos e logo após a elaboração do etograma com base no artigo elaborado por LOPES et al, (2017) e analisou-se os resultados.

 

Resultados e Discussão

O gráfico abaixo mostra o processo de reabilitação de psitacídeos cativos em viveiro grande, no qual foi analisado o processo de adaptação destes a vida livre, pois o viveiro permite que os animais devolvam o voo, torne mais ativo e que possa aprender como buscar o alimento sozinho e que possa diminuir seu comportamento anormal adquirido.

O viveiro no qual estão apresenta uma abertura, onde eles têm total acesso para saírem, sendo que houve a saída de dois indivíduos (periquitão maracanã e periquitão maracanã verdadeiro), mas estes indivíduos voltaram novamente para dentro do viveiro, motivo pelo qual volta talvez esteja relacionada com a oferta de alimento (figuras 1), além disso, foram embora já quatro papagaios.

No gráfico observamos que os animais apresenta-se ativos em sua maior parte do tempo, um outro fator importante é o fato de que o comportamento anormal apresentou apenas 0,4% dos resultados analisados.

 

Durante esse período, os papagaios conseguiram exercitar suas habilidades de vôo, bem aprender a procurar seu alimento no chão, nas árvores dentro do viveiro ou no comedouro. Além disso, houve interação social entre os indivíduos das mesmas espécie. Outro resultado observado os papagaios obteve além do desenvolvimento do vôo, mas também de como realizar pouso e empoleirar, diferente de que LOPES (2016) observou no viveiro no CETAS de Belo Horizonte, (WAITA) entretanto está relacionado ao tamanho dos aviários, o que levou em seu trabalho a dificuldade deles ao saírem do viveiro para a soltura.

 Alguns papagaios apresentam vocalização Humana, porém muitos apresentam a vocalização natural.

As fichas de registros de entrada de animais n RPPN mostra a entrada de 66 papagaios, sendo que quatro deles são outra espécie Amazona amazonica, conhecido como papagaio do mangue e cinco papagaios do peito roxo (Amazona vinacea), entretanto a um grande desafio ao manusear estes animais devido ao estado que chegam a fazenda, pois houve uma mortalidade de 12 indivíduos, sendo um do mangue, além disso, houve a soltura de quatro papagaios do peito roxo e quatro papagaios verdadeiro.

Considerações finais

Portanto este relatório parcial do desenvolvimento de psitacídeos sobre a análise comportamental dos mesmo para que ocorra da melhor forma possível a reabilitação desses animais e posteriormente a reintrodução de volta a seu habitat. Ainda tem muita dificuldade na reintrodução desses animais pois varia de cada indivíduo e de como será sua adaptação ao meio ambiente, uma vez que essas aves foram tratadas como animais de estimação. Ainda o número de animais silvestres apreendidos pelo polícia ambiental é muito grande devido ao tráfico ilegal de animais silvestres, principalmente aves.

 

               

 

Referência

CAVALCANTI, Tarsila Almeida. Reintrodução de aves oriundas do comércio ilegal no Brasil: estudo de caso com Sporophila albogularis, Sporophila nigricollis e Sicalis flaveola em uma área de caatinga. 2011. Disponível em: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/tede/4117.

LIMA, Pedro Cerqueira. Projeto de Translocação E Reintrodução de Aves. Cetrel Sa. 2011. Disponível em: www. ao. com. br/download/transloc.

LOPES, Alice Rabelo de Sá. Avaliação de técnicas de manejo na sobrevivência e comportamento de papagaios-verdadeiros (Amazona aestiva, PSITTACIDAE) translocados. 125p. 2016.  Disponível em: https://waita.org/publicacoes/.

Lopes A. R. S., Rocha M. S., Junior M. G. J., Mesquita W. U., Silva G. G. G. R, Vilela D. A. R., Azevedo C. S. 2017. The influence of anti-predator training, personality and sex in the behavior, dispersion and survival rates of translocated captive-raised parrots. Glob. Ecol. Conserv. 11: 146–157. Disponível em: https://waita.org/publicacoes/.